The best

   Na semana anterior ao lançamento de "Black Clouds & Silver Linings", 11º álbum de originais, os Dream Theater (DT) passaram pelo Coliseu de Lisboa para demonstrar que estão em grande forma.
Inserido numa tournée europeia de Verão, a ocasião não era para promover o novo álbum, mas sim revisitar o vasto repertório dos 'mestres' do rock progressivo.
E a setlist do concerto que durou duas horas foi equilibrada, coesa e interpretada, como sempre, sem falhas. Afinal, de uma banda que tem John Petrucci, Mike Portnoy, John Myung, Jordan Rudess e James LaBrie, não se pode esperar outra coisa. Para quem ainda não os conhece, é quase o mesmo que juntar Ronaldo, Kaká, Messi, Ibrahimovic e Pirlo na mesma equipa - perdoem a comparação futebolística - e tudo funcionar às mil maravilhas.
As aptidões técnicas destes cinco músicos continuam a impressionar, após tantos anos. Além disso, os temas são equilibrados e variados o suficiente para não 'aborrecer', como acontece nalgumas bandas do género.
Dissertações à parte, o espectáculo em Lisboa foi de alta qualidade. Os DT abriram com "In the Presence of Enemies Part 1", uma música de típico rock/metal progressivo, com secções melódicas e complicadas. Os norte-americanos quiseram abrir em força e continuaram com "Beyond This Life", "Panic Attack" e "A Rite Of Passage" (tema do novo álbum, que a editora disponibilizou gratuitamente online) e que, por isso, o público demonstrou já conhecer, entoando bem alto o refrão.
Depois de conquistada a audiência, seguiu-se uma música mais 'calma', "Hollow Years", precedida do habitual solo de John Petrucci. Mais uma vez o público cantou com James LaBrie este clássico dos DT.
"Constant Motion" voltou a trazer os riffs rápidos e intrincados; "Erotomania" e "Voices" foram um excelente regresso ao passado, do álbum "Awake", sendo duas músicas que não costumam fazer parte dos alinhamentos mais recentes da banda.
A única passagem pelo álbum "Six Degrees of Inner Turbulence" deu-se em "Solitary Shell", e depois "As I Am" levou o público ao rubro.
Os Dream Theater agradeceram os aplausos, saíram e voltaram para o encore, onde interpretaram o incontornável "Metropolis Pt.1", num medley com "Learning to Live". Jordan Rudess e John Petrucci abrilhantaram as músicas com um belo 'duelo' guitarra/teclados. Lá atrás, Portnoy e Myung mantiam coesa uma secção rítmica do melhor que há na música actual. LaBrie parece ter encontrado o seu registo de voz ao vivo e voltou a estar a um nível alto, como já tinha acontecido na última passagem dos DT por Portugal, no Porto.
À saída, a satisfação era visível nos rostos de quem tinha visto a banda pela primeira ou pela quinta vez. É difícil sair defraudado de um concerto de Dream Theater. A banda tem vindo a elevar o rock progressivo a outro nível e isso é notório, tanto nas gravações de estúdio como ao vivo.
Nota ainda para os Pendragon, que abriram a noite no Coliseu. Apesar de desconhecidos de grande parte dos presentes, tocaram com atitude e receberam muitos aplausos, como poucas vezes o público 'dispensa' às bandas de suporte.